Um havaiano de ascendência irlandesa, George Freeth,
levou o esporte para a Califórnia em 1907. Naquele tempo, as pranchas costumavam
ser feitas de madeira maciça, tinham 3 m de comprimento, pesavam 45 kg e
não possuíam quilha, o que as tornava difíceis de manobrar. No mesmo ano após uma visita a ilha Jack London
publica o livro
A Royal Sport: Surfing in
Waiki
que
teve papel determinante na divulgação e crescimento do
esporte no mundo todo.
Da
Califórnia, a partir dos anos 1950, o esporte conquistou
o planeta - com o empurrão dos filmes de Hollywood. Na tela, corpos bronzeados disseminavam a
cultura da praia, associada a hedonismo, diversão e liberdade.
Na década de 60, na Califórnia, houve uma explosão
no número de praticantes, chegando a 350.000 surfistas, popularizando
definitivamente o esporte, pois com as novas tecnologias as pranchas diminuíram
de peso e tamanho, apesar de ainda medirem 3m de comprimento e pesarem15Kg.
O surf deu origem a uma cultura própria, filmes, músicas, roupas e outros artefatos tentavam explorar algum nexo
entre o surfe e essa cultura juvenil. Seriados televisivos que mais
tarde se tornariam filmes de ficção, como “Gidget” (1959), e
documentários como “Endless Summer” (1966), revistas especializadas,
como a pioneira Surfer (1960) e até grupos musicais, como os Beach Boys
(1961), contribuíam para a construção de uma identidade que dali em
diante poderia ser compartilhada por um universo ampliado de pessoas.
Não
só atores, mas também soldados americanos ajudaram a espalhar o surf.
Na base militar de Komagawa, no Japão, era o passatempo da hora do
almoço. Terminado o intervalo, os recrutas escondiam as pranchas embaixo
da areia, sob os olhares disfarçados dos vizinhos japoneses. Nas noites
de lua cheia, era a vez de os japoneses se arriscarem. "Pulávamos a
cerca, desenterrávamos as pranchas e íamos surfar", conta no livro um
dos pioneiros do esporte do país, Kazumi Nakamura, adepto desde 1963.
Em Cuba, nem sempre foi fácil pegar onda na terra
dos irmãos Castro. Que o diga o surfista Tito Diaz. Ele fez sua própria
prancha com uma mesa escolar e aderiu ao esporte nos anos 1980. Acabou
amargando uma semana na prisão: "Não dava para fazer nada no mar porque
pensavam que você estava tentando escapar da ilha". Na ex-Alemanha
Oriental, a história era parecida. Em várias praias do mar Báltico,
windsurfistas viviam às voltas com a polícia, determinada a evitar fugas
para o outro lado da Cortina de Ferro - que foi exatamente o que alguns
fizeram. Como o eletricista berlinense Karsten Klünder e seu amigo Dick
Deckert. Em novembro de 1986, a dupla partiu das águas geladas da ilha
de Rügen com pranchas feitas em casa. Quatro horas depois, Klünder
chegou à costa da Dinamarca. Só no dia seguinte encontrou o companheiro
Deckert, e a dupla seguiu para a Alemanha Ocidental.
O surf
desafiava tiranias de esquerda e direita. Na África do Sul, Tony Heard,
editor do Cape Times, teve a ideia de libertar Nelson Mandela da prisão
de Robben Island usando sua prancha de surf. "Os prisioneiros costumavam
apanhar algas marinhas na praia. Eu pensei: Por que não remar devagar,
camuflado com as algas, fazê-lo subir na prancha e remar até sermos
resgatados por um navio estrangeiro?" O plano não foi para a frente,
mas Mandela tornou-se uma referência para os surfistas da ilha e de toda
a região. Dois pontos de arrebentação de ondas foram batizados com seu
apelido, o Madiba da Direita e o Madiba da Esquerda.
Nos tempos
do apartheid, o surf era um esporte de brancos. Durante um campeonato em
Durban, em 1971, o havaiano nativo Eddie Aikau foi barrado num hotel
exclusivo para brancos. Em protesto, o organizador da competição
hospedou o esportista em seu apartamento. O espírito de resistência
cresceu nos anos 1980, com a formação do grupo Surfistas contra o
Apartheid.
Longe
dali, em Israel, outro grupo recorreu às pranchas na esperança de
aproximar velhos inimigos. Fundado por dois surfistas judeus, o Surfing 4
Peace (Surfando pela Paz), leva pranchas e outros equipamentos a
palestinos que praticam o esporte na Faixa de Gaza. Em 2007, o surfista
americano Dorian Pascowitz desafiou soldados israelenses e cruzou a
fronteira rumo ao território com 14 pranchas. Para seu colega de
empreitada, Arthur Rashkovan, eles só não foram detidos a bala por causa
da presença da mídia e de brechas na lei de então (depois do episódio, a
lei foi alterada e endurecida).
Para outros, porém, os inimigos
são justamente os surfistas. Na visão do autor, a cultura do surf estava
na mira dos atentados a bomba de 2002 em Bali, que deixaram 202 mortos -
a maior parte deles turistas estrangeiros. Afinal, foi com a chegada
dos surfistas australianos na década de 1970 que o turismo e os costumes
ocidentais avançaram na região - motivo de descontentamento para
extremistas islâmicos. A Indonésia é a maior nação muçulmana do mundo.
Nesse contexto, ao subir nas pranchas, estudantes e artistas locais não
querem só diversão. Buscam também uma forma de se diferenciar do
fundamentalismo.
No Marrocos, o rei Mohammed VI pensa parecido. Ele
mesmo prefere o jet-ski, mas, com a intenção de combater o radicalismo
islâmico, fundou um clube de surf na capital, Rabat. De quebra, o
monarca tenta reforçar a imagem de líder amigo do Ocidente, diz Moore.
Como vimos aqui, surf, política e religião podem, sim, pegar a mesma
onda.
Praia
do Gonzaga, Santos, 1934. Enquanto a garotada se distraía com a pelada
na areia, um rapaz de 16 anos queria era saber das ondas. Thomas
Rittscher Júnior ia munido de sua "tábua havaiana", que ele mesmo havia
feito baseado em um esquema da revista americana Popular Mechanics.
A primeira prancha brasileira foi feita em 1938
pelos paulistas Osmar Gonçalves, João Roberto e Júlio
Putz, pesava 80kg e media 3,6m.
Em 1950, os cariocas Jorge Grande, Bizão e Paulo Preguiça,
construíram uma prancha de madeira inspirados nas pranchas de balsa
que um piloto de avião comercial da rota Hawaii - Rio trazia em suas
viagens. Não tinha flutuação nem envergadura. Em 1963,
George Bally e Arduíno Colassanti, começaram a shapear as primeiras
pranchas de isopor. Com uma lixa grossa presa a uma madeira, levavam dois
dias para fazer uma prancha. A referência era uma foto de revista.
Quando Peter Troy, surfista californiano vindo do Peru em 1964, chegou ao
Rio de Janeiro, encontrou um grupo que já surfava as ondas do Arpoador
com pranchas de madeirite que tinham desenhos e concepção totalmente
brasileiros. Peter, que trazia em sua bagagem uma prancha de fibra, entrou
na água e impressionou a todos com um show de surf. Esse foi, sem dúvida,
o ponto de partida do surf moderno no Brasil. Peter Troy trouxe templates
e noções de shapear de seu país.
Mais tarde apareceu o Suform importado, mas o bloco ainda era de isopor.
Enquanto isso em São Paulo, Homero fazia as primeiras pranchas de madeira
oca. Em 1965, o Cel. Parreiras fundou a primeira fábrica de pranchas
do Brasil, a São Conrado Surfboard, no Rio de Janeiro.
Nos anos 70, com as mudanças comportamentais dos jovens no planeta,
o surf também passou por transformações radicais ocasionadas
principalmente, pela diminuição de tamanho, peso e forma das
pranchas, que possibilitavam um novo enfoque na maneira de surfar.
No Rio de janeiro em 1971, um projeto de saneamento criou as obras do interceptor
oceânico na praia de Ipanema, o que favoreceu enormemente o surf. O
pier de Ipanema foi, sem dúvida nenhuma, uma grande escola para toda
uma geração, melhorando o nível técnico do esporte
no país, pois as ondas que ali surgiram tinham qualidade internacional.
Os primeiros campeonatos foram disputados em Ubatuba/SP e Rio de Janeiro
em 1975. Outro fator importante para o surf nacional, foi o sexto lugar obtido
por Pepê Lopes no mais tradicional evento do surf mundial, o Pipe Master
no Hawaii.
No início dos anos 90, o Brasil passou a fazer parte da elite do
surf mundial representado por dois atletas, Fábio Gouveia e Flávio
Padaratz, que abriram caminho para outros competidores brasileiros, colocando
nosso país entre as três potências do surf mundial, junto
com os Estados Unidos e Austrália.
Graças à extensa costa com bom potencial de ondas, novos talentos
despontam todos os dias, tornando o surf um dos esportes que mais se desenvolvem
no país.
Hoje, o surfe no Brasil tem mais de 2 milhões de adeptos, e alguns deles estão entre os
melhores profissionais do mundo.
Vale a pena conferir o livro “HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO”, confira o primeiro capítulo do livro, no BLOG: http://surfdragonblog.blogspot.com.br/
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