Sonic Youth surgiu no começo da década de 1980 como parte de todas as transformações que ocupavam a música naquele momento. Herdeira do The Velvet Underground e inicialmente inclinada aos mesmos inventos do Pós-Punk britânico, o grupo encabeçado por Thurston Moore, Kim Gordon e Lee Ranaldo trouxe nos ruídos um princípio de novidade para a música da época.
O
grupo possui um estilo musical que mistura rock alternativo,
elementos de noise, post-punk e composições avant garde. Ícone da
música e da cultura alternativa norte-americana, seu estilo é
considerado bastante peculiar e criativo, fundamentado em
experimentações melódicas, com influências do punk rock e do
hardcore.
No
inicio de sua carreira, o Sonic Youth foi associado com a cena No
Wave de Nova Iorque. Sendo integrada à primeira onda de bandas
norte-americanas de noise rock, o Sonic teve sua própria
interpretação da filosofia punk, mais focada no estilo "faça
você mesmo" e inclusive no som em si. Eles conquistaram um
sucesso moderado no mainstream, e são considerados um dos grupos
pioneiros do rock alternativo.
O
Sonic Youth foi inspirado nas sinfonias de guitarra de Glenn Branca
(com o qual boa parte da banda já tocou), no proto-punk de The
Stooges, The Velvet Underground e MC5, na poesia punk de Patti Smith,
o Krautrock de Can, o psicodélico garage rock do 13th Floor
Elevators, assim como compositores avant-garde, como John Cage.1
Muitas vezes a banda é aclamada por redefinir o que uma guitarra
pode fazer2 , ao utilizar uma variedade de afinações alternativas e
modificar o instrumento, com objetos inusitados, como baquetas e
chaves de fenda como forma de alterar seu timbre.A história do Sonic
Youth começa quando o guitarrista Thurston Moore se muda para Nova
Iorque em 1977. Interessado pelo punk, Thursron entrou no Coachmen,
um quarteto guitarrístico, assim que chegou à cidade. Lee Ranaldo,
um estudante de arte na Binghamton University, se tornou fã do
Coachmen, e logo se tornaram amigos. Lee foi um membro do Glenn
Branca's Electric Guitar Ensemble, que fizeram um tour pelos Estados
Unidos e a Europa. Depois de sair do Coachmen, Thurston começou a
tocar com Stanton Miranda, cuja banda, CKM, tinha em sua composição
uma artista local chamada Kim Gordon.
Thurston
e Kim formaram uma banda, que apareceu sob os nomes de "Male
Bonding" e "Red Milk" antes de se tornar "Arcadians"
em 1980. A banda fez seu primeiro show no Noise Festival em Junho de
1981 no New York's White Columns Gallery. O grupo de Branca que tocou
no mesmo festival impressionou Thurston, que os descreveu como: "A
mais feroz banda de guitarras que eu já vi". Depois disso
Thurston perguntou se Ranaldo gostaria de se juntar aos "Arcadians".
Lee aceitou; a banda tocou três músicas em outro festival na semana
seguinte, mas sem um baterista. Cada membro então se revezou antes
deles encontrarem o primeiro baterista: Richard Edson.
Thurston
então renomeou a banda para "Sonic Youth". Ele veio da
combinação do nome do meio de Fred "Sonic" Smith do MC5
com um grupo de reggae, que possuiam "Youth" em seus nomes.
Kim depois falou que "Assim que Thurston chegou com o nome Sonic
Youth, um certo clima de que era mais do que nós esperávamos fazer
veio a tona.
Confusion
Is Sex
(1983,
Neurtal)
Assim
como o autointitulado EP que apresentou a banda em 1982, Confusion
Is Sex,
estreia definitiva do Sonic Youth é uma tentativa do grupo
nova-iorquino em assumir identidade a todo o custo. Fortemente
influenciado pelo pós-punk inglês – principalmente o trabalho de
bandas como Wire e Joy Division -, o álbum assume no desconforto
entre as guitarras e bateria o eixo que orienta o registro em
totalidade. Enquanto Lee Ranaldo e Thurston Moore se divertem em meio
a experimentos tortos de distorção, a bateria dividida entre Jim
Sclavunos e Bob Bert contribui para o fomento de um ambiente obscuro
e tortuoso, amenizado vez ou outra de pela presença atmosférica de
Kim Gordon. Embora instável, o álbum revela uma série de elementos
característicos das futuras obras do grupo, como as letras tomadas
por referências literárias, passeios voluntários pela Avant-Garde
e uma forte relação com os inventos mais raivosos das décadas de
1960/70 – como a estranha inclusão de I
Wanna Be Your Dog do
The Stooges.
Bad
Moon Rising(1985, Homestead)
Por
mais que a crueza exposta em Confusion Is Sex (1983)
apresentasse uma banda em pleno estágio de descoberta e busca por
identidade, havia no esforço do grupo nova-iorquino um entendimento
pleno sobre a própria obra. Curioso observar como o mesmo desempenho
não se repete durante a construção de Bad Moon Rising.
Segundo álbum de estúdio do Sonic Youth e tentativa forçada de
maturidade, o registro cresce em uma medida lento e redundante,
ocultando a raiva imposta pelo grupo desde o começo de carreira.
Ainda que distante da relação com o Pós-Punk e antecipando
conceitos que seriam melhor explorados em EVOL (1986)
e Sister (1987), o álbum se perde em uma tentativa
da dupla Moore e Ranaldo em costurar experimentos imensos com versos
aleatórios. São temas como satanismo, loucura e uma forte relação
com as trevas que simplesmente se desfazem em meio ao catálogo de
sons que buscam repetir a mesma atuação do The Velvet Underground
pós-White Light/White Heat. Felizmente a banda ainda
teria tempo para se recuperar.
EVOL
(1986,
SST)
A
herança do The Velvet Underground, Wire, The Stooges e outras bandas
veteranas serviram como base para a construção dos dois primeiros
discos do Sonic Youth. Entretanto, faltava ao grupo real identidade e
um sentido de transformação oculto nas primeiras músicas, esforço
que a banda revela com experimento na composição obscura que
alimenta EVOL. Gravado em poucos dias, o terceiro álbum
de estúdio da banda nova-iorquina aponta para um maior interesse
pela música de vanguarda e um distanciamento da essência
impulsionada pelo pós-punk. Surgem assim composições cada vez mais
extensas, como Star Power e Expressway to
Yr. Skull, que fragmentam a sonoridade da banda em pequenos atos,
além de posicionar com maior esforço a atuação individual de cada
integrante. Mezzo cantado, mezzo declamado, o álbum assume parte da
interpretação que viria a guiar o grupo pelos próximos discos,
sustentando na estranheza dos sons uma obra de essência amarga e
versos adornados pelo caráter urbano.
Sister
(1987,
SST)
Temáticas
orientadas pela literatura de ficção científica, um regresso aos
sons dos anos 1970 e doses consideráveis de ruídos impulsionam a
construção de Sister, quarto registro em estúdio do Sonic Youth e
um ponto de divisão na carreira da banda nova-iorquina. Dando
sequência aos elementos acumulados meses antes com o lançamento de
EVOL (1986), o trabalho assume em contornos temáticos uma completa
reformulação no uso das guitarras, instrumentos que tingem o álbum
com uma exposição ora ambiental, ora consumida pelas inquietação.
Tendo como base os livros de Philip K. Dick, o álbum embarca
voluntariamente em um cenário hermético na carreira do grupo,
antecipando conceitos que guiariam Daydream Nation no ano seguinte e
abrindo espaço para que Thurston Moore e Lee Ranaldo desenvolvam um
plano de fundo instrumental totalmente caótico. Bem representado
pela capa repleta de colagens e imagens desconcertantes, Sister
reforça a maturidade que o grupo viria a assumir, entregando pelos
próximos anos uma das sequências mais bem resolvidas de lançamentos
do rock alternativo.
Daydream
Nation
(1988,
Enigma)
Mesmo
a maturidade exposta em EVOL e Sister seriam
incapazes de prever o salto criativo assumido pelo Sonic Youth
em Daydream Nation. Obra mais complexa e hermética
dentro da discografia da banda, o álbum resgata elementos
específicos da década de 1970 – principalmente da obra do The
Velvet Underground -, como um princípio de novidade para o grupo
parecia inclinado a desenvolver naquele momento. Musicalmente
raivoso, o disco se distancia da porção climática que havia guiado
a banda em boa parte dos trabalhos que o antecedem, revelando na
presença de Nick Sansano – escolhido justamente pelo trabalho com
o Public Enemy e outros registros com o foco no Hip-Hop – a
produção de uma obra de arquitetura intensa. Centrado em uma
interpretação esquizofrênica de Thurston Moore sobre o universo de
William Gibson e Philip K. Dick, o disco apresenta um cenário
metaforicamente relacionado com a cidade de Nova York no mesmo
período, trazendo letras obscuras e sempre atentas à raiva
conceitual dos instrumentos. Com mais de 70 minutos de duração, o
álbum antecipou o uso de ingredientes musicais que viriam a guiar o
rock alternativo poucos anos mais tarde, abrindo caminho para uma
série de lançamentos que transformariam o Sonic Youth em um dos
artistas mais queridos da década de 1990.
Goo
(1990,
DGC)
Passado
o lançamento da obra-prima Daydream Nation(1988),
Thurston Moore, Kim Gordon e os demais parceiros do Sonic Youth bem
poderiam descansar. Felizmente eles resolveram ir além, pervertendo
a própria essência. Ao transformar Goo em um ponto
de ruptura em relação ao que fora conquistado dois anos antes, o
grupo abriria de forma criativa as portas para o que seria testado na
década de 1990, substituindo os imensos experimentos sonoros de
Moore e Lee Ranaldo por uma ambientação quase confortável. Ainda
que os ruídos que definiram a carreira da banda estejam por todas as
partes da obra, há no esforço do grupo um desejo de novidade,
exercício que constrói o álbum em uma medida agridoce de vocais
(metade de Moore, metade de Gordon), bem como o uso de versos quase
descritivos em torno do próprio universo do grupo. Comercialmente
bem recebido, Goo levaria o grupo e “novatos” como Nirvana e
Dinosaur Jr a excursionar pela Europa no ano seguinte, turnê que
alimenta o documentário 1991: The Year Punk Broke, de
Dave Markey.
Dirty
(1992,
DGC)
.Se Goo era
uma formatação mais organizada dos ruídos do Sonic Youth, Dirty é
o que menos se esperava para o trabalho seguinte. Respondendo a alta
expectativa do anterior, porém lançando mão de um trabalho ainda
mais barulhento, surge aqui um álbum que mergulha de cabeça no
noise rock de certeiro flerte com o progressivo e o grunge, o último
assegurado pela a cuidadosa produção de Butch Vig (mesmo
de Nevermind do
Nirvana). Ranaldo, Moore e Gordon criam canções mais rápidas e
pesadas, um dos efeitos da gradual troca de Kim do baixo pela
terceira guitarra. Além de melodias mais claras (Vig obrigou o Sonic
Youth a ensaiar as músicas antes que fossem gravadas), o álbum
marca uma pausa no distanciamento lírico e uso de metáforas na
crítica social das letras. Em músicas como Swinsuit
Issue e Shoot,
Kim Gordon é mais aberta em sua defesa ao feminismo que em Kool
Thing,
por exemplo. Moore também se arma de novos argumentos em seu
posicionamento ao caso de assédio sexual à Anita Hill (mencionado
em You
Against Fascism),
que conta ainda
com participação
de Ian Mackaye do Fugazi. Um álbum sujo, barulhento e direto, logo,
um típico disco do Sonic Youth.
Experimental
Jet Set, Trash and No Star
(1994,
DGC)
A
raiva e o descontrole que escorrem musicalmente em Dirty (1992)
são entendidos de forma oposta dentro de Experimental
Jet Set, Trash and No Star.
Oitavo registro em estúdio da banda, o álbum parece aprimorar a
“calmaria ruidosa” que a banda havia dado início em Goo,
transformando as 14 faixas do disco em uma interpretação curiosa do
universo proposto inicialmente pelos nova-iorquinos. Enquanto músicas
como Screaming
Skull incorporam
a distorção em uma medida abafada, faixas como Skink e
demais composições assumidas pelos vocais de Kim Gordon acertam
pela quase delicadeza dos sons. Fortemente relacionado com toda a
exposição dada ao rock alternativo no mesmo período, o trabalho se
constrói inteiramente no uso de composições mais curtas, quase
radiofônicas ou possivelmente comerciais para a época. Com produção
também assumida por Butch Vig, o disco parece limitar o ambiente
experimental do grupo, o que de forma alguma prejudica o rendimento
do álbum, um dos mais curiosos em toda a discografia da banda.
Washing
Machine
(1995, DGC)
Depois
da fase mais criativa do grupo – entre o fim da década de 1980 e o
começo dos anos 1990 -, era esperado que o Sonic Youth mergulhasse
em comodidade, resgatando parte da sonoridade previamente adquirida
como base para a própria obra. Todavia, contrariando qualquer
sentido de calmaria ou possível redundância, a banda fez de Washing
Machine,
nono registro em estúdio, uma visível transformação da própria
essência. Os ruídos, as líricas urbanas e a experimentação
característica estão presentes em todo o álbum, a diferença está
na forma como a banda parece alinhar todos os elementos em um bloco
de vozes e distorções quase intransponíveis. Visivelmente cercado
por elementos do grunge, o disco intensifica a presença da banda na
produção e mixagem das canções, deixando para o produtor
convidado, John Siket, apenas a tarefa de finalização do disco.
Ainda que caótico, o álbum não esconde a presença de faixas mais
“comerciais”,
como Little
Trouble Girl (parecia
com Kim Deal) e The
Diamond Sea,
que mesmo com 19 minutos prende pelo manuseio inventivos das
guitarras e versos de Moore. Com boas vendas e uma turnê de
divulgação bastante concorrida, a banda parecia viver sua melhor
fase, longe, muito longe, de qualquer comodidade.
.
A
Thousand Leaves
(1998,
DGC)
Uma
pós-produção cuidadosa marcou boa parte dos discos assinados pelo
Sonic Youth, principalmente no começo da década de 1990, quando
produtores como Butch Vig passaram a administrar os ruídos que
levaram o grupo a ser comercialmente conhecido. Com A Thousand
Leaves a
banda parece atuar de forma diferente. Retorno criativo ao início de
carreira menos comercial, o álbum segue impulsionado pela
instabilidade dos sons, uma quebra naquilo que a banda havia exposto
três anos antes em Washing
Machine (1995).
Trabalhado em cima de Ideias incompletas e sugestividade, – que em
momentos como Hit’s
of Sunshine (For Allen Girsberg) e Female
Mechanic Now on Duty incorporam
uma roupagem ainda menos solta -, o disco autoriza a banda a lidar
com o improviso de forma constante, abastecendo jams que não
facilitam para a voz de Kim Gordon. Trabalho recomendado para ouvidos
já habituados ao som dos nova-iorquinos, Thousand
Leaves antecipa
exageros que viriam a ocupar o trabalho do grupo nos lançamentos
seguintes.
NYC
Ghosts & Flowers
(2000,
DGC)
O
Sonic Youth vinha de uma sequência de bons lançamentos e
repercussão positiva por parte do público/crítica desde o fim da
década de 1980. Dessa forma, ao alcançar os anos 2000 o grupo
parecia mais uma vez em busca de novidade, esforço que tenta se
sustentar nas guitarras climáticas e nos rumos assumidos no interior
de NYC Ghosts
& Flowers.
Possivelmente influenciada pela relação com o guitarrista e
produtor Jim O’Rourke, com a chegada do novo disco a banda
regressava aos mesmos elementos tramados anos antes em Bad
Moon Rising (1985),
ocultando a presença de possíveis Hits – bem distribuídos no
começo dos anos 1990 – para lidar com um ambiente de esforço
musical hermético. Apostando no uso de bases densas e vocais
posicionados em segundo plano, o disco custa a se desenvolver,
assumindo no esforço sufocante dos sons uma sequência de músicas
que não parecem agradar ninguém – nem a própria banda. Era
apenas um ensaio para aquilo que o grupo viria a desenvolver com real
acerto em Murray
Street.
Murray
Street
(2002,
DGC)
O
revival Pós-Punk, as novas experimentações que ocupavam a cena
alternativa e todo um jogo de transformações na música dos anos
2000 davam a entender que o Sonic Youth precisava se renovar. Depois
de enfrentar a recusa do público e de boa parte da crítica com NYC
Ghosts & Flowers
(2000), o grupo trouxe na construção de Murray Street a entrada
definitiva para o novo século. Outrora colaborador, Jim O’Rourke
assume a posição de quinto membro definitivo da banda, utilizando
das sete faixas que caracterizam a obra como um espaço de plena
invenção. Extensas, músicas como Rain
On Tin, Karen Revisited e Sympathy
for the Strawberryultrapassam
os sete minutos de duração, possibilitando ao grupo a formação de
imensas tapeçarias sonoras, solos límpidos alternados por momentos
de puro ruído e letras atentas que vinham assinadas pelo coletivo.
Delineado por construções sonoras marcadas pela psicodelia e
referências diretas ao trabalho exposto em Daydream
Nation (1988), Murray
Street (o
nome veio da rua onde ficava o estúdio da banda) era a prova de que
o Sonic Youth estava de volta, tão inventivo quanto em começo de
carreira.
Sonic
Nurse
(2004,
Geffen)
Se Murray Street serviu para apresentar o trabalho do Sonic Youth a toda uma nova geração de ouvintes, então Sonic Nurse veio para mostrar o quanto o grupo poderia se transformar em pouquíssimo tempo. Segundo registro com Jim O’Rourke como membro definitivo da banda, o 13º álbum do grupo nova-iorquino mostra a forma como a banda dança pelo experimento em um completo estágio de criatividade, anarquia e certa dose de autocontrole. Do momento em que Kim Gordon inaugura o disco com Pattern Recognition, passando pelo solo rápido de Stones e as métricas distorcidas de Paper Cup Exit, tudo reforça a presença inventiva da banda, que sabe como alternar momentos de calmaria experimental com instantes de puro caos e ruptura. Dividido entre referências próprias do universo da banda e encaixes literários que acompanham o grupo desde o começo dos anos 1980, Sonic Nurse apura a versatilidade nos versos de Moore, que transforma a obra em um catálogo imenso de histórias, desilusões e sentimentos. Seria o último grande disco do Sonic Youth.
Rather
Ripped
(2006,
Geffen)
Um
rompimento natural com a experimentação e uma passível relação
de aprimoramento com o Noise Pop conduzem a experiência da
banda (e do ouvinte) em Rather Ripped. Já sem a presença
de Jim O’Rourke (que acompanhou o grupo até 2005) e com Gordon à
frente do baixo novamente, as guitarras passam a exercer diferentes
funções dentro do grupo, resultando em um registro emocionalmente
frágil – tanto nas letras como na sonoridade. Diminuem os ganchos
tortuosos, a instrumentação ruidosa deixa de assustar pela
imprevisibilidade de suas aparições e com isso os solos se
transformam em elemento de alavanca para as músicas. Conciso e
caminhando para um amadurecimento geral de seus integrantes, o disco
vale por faixas como a simples e bela Do you Believe in
Rapture? e a quase abandonada Turquoise Boy, com
Kim Gordon se redimindo nos vocais.
.
.The
Eternal
(2009,
Matador)
Desde
o reforço musical imposto com a chegada de Murray
Street (2002), o Sonic Youth parecia ter encontrado um
espaço próprio no rock alternativo dos anos 2000. De forte
aproximação com a essência construída na década de 1980 e cada
vez mais inclinada ao experimento, a banda fez de obras como Sonic
Nurse (2004) e Rather Ripped (2006)
trabalhos de puro aproveitamento, mas que lentamente ofegavam cansaço
acumulado, algo The Eternal trouxe em excesso.
Sustentado em cima de uma fórmula pronta, o álbum nada mais é do
que uma versão do Sonic Youth sobre a própria banda, marca que a
banda reforça em canções que ecoam como sobras de estúdio dos
trabalhos anteriores. Ainda que demonstre uma maior unidade e
cooperação entre a tríade Moore-Gordon-Ranaldo, o disco custa a
engrenar, resultado de faixas que substituem os ruídos tradicionais
por uma interpretação límpida da obra prévia da banda. Mesmo
fraco o trabalho alimenta boas canções, caso
de Anti-Orgasm e Antenna, faixas
cercadas em um ambiente individual dentro do disco. Barrando qualquer
tentativa do grupo em se reinventar, The Eternal finaliza
a carreira do Sonic Youth, que encerrou as atividades dois anos após
o lançamento do disco.
Site Oficial:http://www.sonicyouth.com/
.
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