PRANCHA ALAIA
“Alaia boards” são as famosas pranchas de madeira sem quilhas. Elas possuem seu bico arredondado e a tail quadrada. Eram usadas no Hawaii antes mesmo do século 20. Podem ter entre 7’ e 12’ de altura e pesar até 45 kg. No Hawaii, eram geralmente feitas da madeira de uma árvore chamada Acacia koa.
As Alaias, avistadas pelos Europeus pela primeira vez em 1778 ("descobrimento" do Hawaii), existiam em quatro dimensões, a maior, a Olo, a Kiko `o, a Alaia e o Paipo bodyboard. A Olo e Alaia eram utilizadas em diferentes condições de surf e por diferentes “classes sociais” dentro das tribos.
Segundo Abraham Fornander (1812-1887), a Alaia, com média de 9 pés (2,74 m), era utilizada em ondas rápidas e ocas enquanto a Olo, em média com 18 pés (5,50 m)
de comprimento e muito pesada, era utilizada em ondas calmas que mal
quebravam, típicas de Waikiki.
Comparado à Olo, a Alaia, mais curta, era menos convexa e mais fina,
tendo algumas características básicas, relativamente semelhantes às
pranchas modernas atuais. A maioria das Alaias do acervo do Bishop Museo
(Hawaii), variam de 7 a 12 pés de comprimento e 18 polegadas de largura, com meia polegada a uma polegada e meia de espessura.
Uma Alaia em particular, encontrada por JS Emerson, em Kailua, Hawaii, em 1885,
foi doada ao Bishop Museo. Feita de uma madeira chamada Koa, com 6 pés e
meio de comprimento, tem um pouco mais de meia polegada de espessura. A
rabeta apresenta uma forma convexa e sua borda é quadrada. Seu ponto
mais largo em direção ao bico, tem 14 3/4 polegadas e a mais estreita,
na rabeta, tem 10 3/4 de polegadas.
No passado, a Alaia foi a prancha preferida para as ondas maiores e mais
fortes. A técnica de deslizar em ângulo para manter a prancha em linha,
que os surfistas de Alaia tinham obviamente dominado, era denomidada "lala".
Não é de admirar que a maioria das pranchas antigas restantes (10 de 13
no Museu Bishop), são Alaias. Acredita-se que "a Olo era reservada exclusivamente
para os nobres, mas os plebeus não tinham direitos exclusivos sobre a
Alaia. O maior número dos primeiros relatórios falam de surf de Alaia.
Muitas lendas mencionam os “nobres” surfando ao longo das costas
rochosas, onde uma placa Olo seria difícil de ser utilizada. Estes dois
tipos de pranchas, então, permitiram uma certa separação entre um nobre
e um plebeu, mas nunca ao ponto de privar os nobres do surfe mais
rápido e mais perigosos."
A desvantagem do estilo Alaia com a madeira tradicional havaiana é como é difícil remar e entrar em ondas. Competindo por ondas com outros surfistas pode ser desanimador em uma Alaia, e muitos shapers estão trabalhando atualmente para captar a sensação da Alaia de madeira com uma prancha de espuma mais fácil de se remar.
O surf moderno, que é baseado em torno do arranjo de triquilhas, evoluiu a um ponto onde são esperadas ondas perfeitas. Por outro lado, as pranchas sem quilhas são ótimas em marolas. Elas são extremamente manobráveis, rápidas, novas e excitantes.
Manobras básicas
O Drop: Há variadas maneiras de dropar. Você pode dropar em linha
reta, para os lados de slides, para trás, em um desvio de 360. Eles
podem ser truques, bem como formas funcionais para ficar em uma posição
na onda em que se possa ganhar velocidade ou configurar para a próxima
manobra. O drop é uma manobra para ser explorada e dominada.
O Cut-Back: Possivelmente a manobra mais fenomenal no surfe sem
quilhas é o cut-back na velocidade, bem fora do ombro da onda. A prancha
sem quilhas pode manter a velocidade em um ombro macio, dando moeda
extra para cortar a onda com força, que desloca uma quantidade incrível
de água.
A Retomada: Após o cut-back, a prancha sem quilhas vai voltar
para a espuma com velocidade e aceleração. Há muitas possibilidades de
manobras incríveis quando você retoma para o lip ou para a espuma,
incluindo 360, aéreos, deslizando para dentro e para fora do tubo. Esta
área precisa ser explorada e nomes serem dados aos movimentos.
O Tubo: As possibilidades de andar em tubos são emocionantes. Os
convertidos a Alaia estão constantemente empurrando os limites para a
hora do tubo. A prancha sem quilhas tem incrível velocidade descendo a
linha, possuindo a capacidade de acelerar em um tubo profundo, bem como
estolar e derrapar no tubo. O grande tubo de Rasta durante a expression
session no ano passado no Noosa Festival foi possível porque ele estava
mantendo controle lateral escorregando para baixo na face da onda,
enquanto estava no tubo. Uma bela manobra é entrar num tubo fechado, e
em seguida, sair pela lateral na espuma.
O Giro 360: À primeira vista, eles parecem um truque para ganhar
pontos. Mas pode haver uma função real na rotação 360. Esta manobra pode
agir como uma bobina para sair de um local não surfável. A derrapada da
rabeta faz com que a prancha se flexione na onda, e a energia
armazenada dá um pouco de velocidade extra no final. A energia da onda
passa em movimentos circulares e parece que a rotação 360 é uma extensão
natural dela.
A Lala ou Deslizamento Lateral: "Lala" é a palavra havaiana
antiga para o surf Alaia. É definido como a derrapagem controlada na
face da onda. A raiz do surfe de Alaia é pegar a onda com a borda,
deixando-se derivar, e, em seguida, ganhar o controle de novo com a
borda. Embora essa manobra possar ser difícil de se ver para o
espectador, ela exibe o controle do surfista e finesse.
Compartilhando Ondas: Dois surfistas podem compartilhar uma onda
em harmonia. As pranchas são tão versáteis na face da onda que o
compartilhamento de uma onda é uma maneira fácil de se mostrar uma nova
complexidade. Nas primeiras fotos de surf, os surfistas estavam muitas
vezes partilhando as ondas e ainda se divertindo.
Talvez o surf sem quilhas possa tornar-se conhecido como "estilo
Alaia". O surfe Alaia é antigo, e nós o estamos descobrindo novamente.
Apesar de estarmos nos afastando das puras raízes havaianas, o uso do
nome irá sempre dar aos havaianos o respeito e o crédito devido para
este modelo avançado de surf. Outra cultura antiga, a Basca, têm uma
linguagem única que sobreviveu por milhares de anos. Eles têm uma
palavra para a felicidade: "Alaia".
O Interesse do mundo surf pelas Alaias tem novamente um lugar
proeminente no sol – voltando a ter popularidade depois de décadas de
evolução de prancha de surf. Mas graças a Tom Wegener, que em uma viagem
ao Hawaii, se interessou pela história de como os antigos habitantes da
ilha surfavam e ressurgiu com esse estilo em 2006, quando começou a
vender réplicas da mesma em seu retorno para Austrália.
É uma caminhada de volta à uma forma mais simples de surf, embora de
uma maneira extraordinariamente difícil. Se for tentar usa-las um dia,
vai lembrar desta frase, que veio depois de cada vez mais surfistas
começarem a olhar para o passado buscando inspiração.
Os antigos havaianos faziam suas Alaias com uma madeira local chamada
ulu, koa e wiliwili. Já as mais modernas são feitas de várias madeiras
diferentes.
No Museu do Surf no Aquario na cidade do Rio de Janeiro e no Museu de surf de Cabo frio você pode encontrar algumas replicas em exposição.
Madeiras para contrução de prancha de surf
Nas ilhas polinésia, na costa do Atlântico e em vários cantos do mundo, as canoas nativas selaram nosso casamento com os mares. Um único pedaço de madeira navegável, canoas e pranchas são irmãs, feitas do mesmo material e princípios. No Havaí, os nativos construíam canoas capazes de atravessar um oceano, e como se não bastasse,nas pranchas de surf mostravam suas habilidades nas ondas fortes do arquipélago. No Brasil, uma enorme costa e os infinitos rios também eram navegados por canoas de todo tipo, tudo graças às muitas espécies de madeira e conhecimentos indígenas. Ao longo dos anos, o surf tem se beneficiado de diferentes tipos de madeira, cada uma com funções e histórias diferentes.
As madeiras possuem propriedades físicas, mecânicas, químicas, biológicas, mas vamos direto ao ponto. Uma das madeiras considerada mais leve é a balsa, com 160 kg/m³ e a mais pesada é o pau santo com 1200 kg/m³. Madeiras leves são porosas e normalmente possuem maior flutuação e flexibilidade, mas frequentemente absorvem umidade, empenam e estragam facilmente. Por outro lado, madeiras mais densas são mais duras, impregnadas de resina impedem que o sol, a umidade, fungos ou insetos estraguem ou empenem. A desvantagem é que são pesadas e não boiam tanto. Mas vamos às madeiras mais usuais para construção de pranchas de surf e suas histórias:
Prancha alaia havaiana e canoa polinésia feitas com madeira koa |
KOA (Havaí) - As pranchas de surf havaianas (papa heʻenalu), assim como as canoas ancestrais (waʻa), eram normalmente construídas com a madeira da arvore Koa (acácia koa). O nome koa significa coragem, e é bastante apropriado para suas funções náuticas. A koa é muito comum em todas as ilhas do Havaí, gosta das cinzas vulcânicas e cresce rápido. Com ela eram feitas as pranchas alaias (entre 2 e 3 metros) e paipos (entre 1 e 0,5m), reservadas às pessoas comuns. Porém, madeira boa para construir canoa não pode deixar na mão e tem que ser forte, por isso faz a prancha de surf mais dura e pesada. Conta a favor o fato de possuir alguma flutuação, e ser difícil de empenar e estragar com o mar e o sol constante, além de ser muito bonita. Quando as pranchas de surf passaram a ser feitas também nos EUA, as madeiras mais semelhantes foram às vermelhas. No entanto, os velhos nativos havaianos por muito tempo insistiam, nenhuma madeira vermelha se compara a velha koa para descer ondas.
WILIWILI (Havaí) – Esta é a madeira que se faziam as respeitáveis Olo, pranchas de surf da nobreza havaiana. As pranchas reservadas aos reis e nobres, feitas com madeira da arvore wiliwili (Erythrina sandwicensis) chegavam a ter 6 metros de comprimento, eram muito finas e com fundo arredondado. A wiliwili é uma madeira bastante leve e com ótima flutuação. Pelas propriedades da madeira e design da prancha, a olo era um pranchão muito rápido, bom para entrar nas ondas havaianas com segurança.
BALSA (América do Sul) – O Peru é lar do ancestral surf em canoas de junco, e usavam troncos de madeira balsa amarrados para construir grandes jangadas, conhecidas hoje pelo mesmo nome, “balsa”. Esta arvore cresce desde a América central até o norte do Brasil. Na primeira metade do século XX passou a ser usada, entre outras coisas, para construção de pranchas de surf, um marco na evolução do esporte durante a década de 30. A arvore Balsa cresce relativamente rápido, pode chegar a 30 metros de altura e não vive mais do que 40 anos. No entanto, os nativos peruanos usavam o tronco bruto da arvore, pois a seiva conservava a madeira. Para pranchas de surf, a madeira tende a encharcar, perder a flutuação e se desfazer, e por isso passaram a receber tratamento com vernizes e posteriormente com resina e fibra de vidro (glass). As primeiras pranchas com balsa eram mescladas com outras madeiras mais duras, acrescentando resistência ao conjunto. Hoje, graças ao desmatamento e aos aeromedelistas, custam muito caro.
PAULOWNIA - Este é o nome popular de uma espécie de arvore nativa da China, Laus e Vietnã. A paulownia possui um crescimento muito rápido (aproximadamente 7m no primeiro ano), com inúmeras funções comerciais, tem sido muito usada como madeira de reflorestamento no Japão, Coreia e atualmente na Austrália, Esta arvore ficou conhecida como matéria prima para construção de pranchas de surf alaia graças as experiências do shaper australiano Tom Wegener, que se tornou uma referência na releitura das pranchas de surf primitivas, construindo alaias com novos designs funcionais. O uso recente da paulownia em pranchas de surf é devido o fato de misturar propriedades de leveza, densidade média e resistência (quase não empena), além de ser impermeável, não necessitando tratamento com resina (glass). Outra vantagem está no fato de existirem em abundância, pelo menos na Austrália e na Asia, diferente da balsa, difícil de encontrar.
AGAVE – Esta tem sido uma solução encontrada recentemente para construção de pranchas de surf de madeira. O agave é uma planta que faz parte da paisagem do México, das folhas extraem o sisal (palha com inúmeras aplicações) e da seiva destilada, a tequila. O agave é uma espécie exótica, trazida ao Brasil para uso em paisagismo e produção do sisal, tornando-se espécie invasora. O ciclo da planta é de 6 a 7 anos, quando desenvolve grandes folhas pontiagudas, e no final da vida desenvolve um tronco que chega a 10 metros de altura de onde nascem as sementes. Depois de reproduzir, a planta morre e seca. Sobra o tronco com uma madeira que chega a ter densidade menor que a própria madeira balsa, isto é, muito leve. A produção de pranchas de surf combloco de agave é pelo mesmo processo das pranchas de surf de poliuretano convencionais, devendo receber acabamento com resina epoxy. O uso do agave para fins náuticos (principalmente pranchas de surf) ainda é recente, mas o material mostra-se muito conveniente, visto que aproveita o subproduto de uma planta no final do ciclo. No entanto, ainda muito difícil de ser encontrada no mercado.
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